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Sonho de operário

Bezerra da Silva

O operário sonhou
que a elite condenou ele a morte
depois lhe mandou pro inferno
você é pobre favelado e não tem muita sorte

Olha que foi um desespero danado
Na hora de entrar no caldeirão
Pinto logo o capeta mirim lhe perguntando qual é seu grau de instrução
Porque também para entrar no inferno tem que fazer vestibular com o filho do cão

Olha que na continuação do seu sonho
Ele encontrou várias autoridades
Na fila da comprovação tinha muitos civis e militares
Um parlamento completo e até chefe de nação

Foi aí que o chifrudo chefe deu aquela explicação
Lá na justiça da terra
Vocês não devem nada a ninguém
Porque a lei dos homens é somente aplicada
Em cima daqueles que nada tem

Mas a justiça divina
Não tem jeito de enganar
Nem o poderoso dólar dos senhores
Lá não consegue subornar

Vocês na vida material
Abusaram muito do poder e do nome
Fizeram injustiça com os trabalhadores
E milhares de crianças mataram de fome

Por isso tão aqui no inferno
Pela justiça divina condenados
É aí que o provérbio diz assim:
Quem deve a Deus pague o Diabo

E o chifrudo gritou:
É quem robou lá na terra levante o dedo
Não tentem me enganar
Contem logo a verdade eu conheço o segredo
Vou botar vocês no Pau de Arara

Quem robou lá na terra levante o dedo
(sujou.. sujou)

Composição: Pedro Butina / Walter Meninão





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