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Saudades da Guanabara

Beth Carvalho

Eu sei que o meu peito é uma lona armada
Nostalgia não paga entrada
Circo vive é de ilusão
Chorei com saudades da Guanabara
Refulgindo de estrelas claras
Longe dessa devastação
E então

Armei pic-nic na Mesa do Imperador
E, na Vista Chinesa, solucei de dor
Pelos crimes que rolam contra a liberdade
Reguei o Salgueiro
Pra Muda pegar novo alento
E plantei novos brotos no Engenho de Dentro
Pra alma não se atrofiar, Brasil
Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro
Três por quatro na foto
E o teu corpo inteiro
Precisa se regenerar

Eu sei que a cidade, hoje, está mudada
Santa Cruz, Zona Sul, Baixada
Vala negra no coração
Chorei
Chorei, com saudades da Guanabara
A Lagoa de águas claras
Fui tomado de compaixão e então
Passei pelas praias da Ilha do Governador

E subi São Conrado até o Redentor
Lá no morro Encantado eu pedi Piedade
Plantei brotos de Laranjeiras, Foi meu Juramento
No Flamengo, Catete, na Glória
E no Centro
Que é pra gente respirar
Brasil

Brasil, tira as flechas do peito
Do teu padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro
Ainda pode se salvar

Composição: Aldir Blanc Mendes/Moacyr da Luz Silva/Paulo Cesar Francisco Pinheiro





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