Maria
Certo dia viu passando
Da janela da favela
A quem sempre esperou
E jura é figura de um sonho
Mas de um sonho cor-de-rosa
Como pode um pobre ter
Maria
Na inocência da idade
Pede ajuda a vaidade
Vai seu corpo enfeitar
Sem ver
Que entre ela e o ser amado
Há um poço já cavado
A riqueza que ele tem
Maria
Desperta desse sonho
E vê
Pobreza não se enfeita
É feita sim
Só da verdade, realidade
Onde o sonho é morrer
Maria,
Não corras para o mundo
Pro rico
O pobre é vagabundo
E vê
Na pressa
O teu sonho
Bem depressa
Transformou-se numa dor
E dizem
Hoje em dia na favela
Que a Maria da janela
Faz sinal a quem passar
Se sofre
Faz prazer do sofrimento
Vive tudo num momento
O momento que perdeu
Maria,
Não corras para o mundo
Pro rico
O pobre é vagabundo