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Trago

Bernardo Bravo

Amor perdido, ardiloso, pelo asfalto frio
Em piche de solidão, amargo
Queima pelos cantos nos bueiros
Penetra em tantos sonhos cansados

A vida é trago
A vida é trago
A vida é trago

Distorce a morte amargurada,
Mirante da cidade dissolvida em cinzas de cigarro
Em cada pele úmida suspenso perdão
No horizonte enfim um não

A vida é trago
Mas a vida é trago
A vida é trago

A vida no pavio chama






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