Sou gaúcha do Rio Grande, sou uma prenda missioneira
E nas lidas de mangueira eu sempre estou presente
E não é qualquer vivente que me vença no rodeio
Sou mansa, mas me guasqueio e ataco como a serpente
Nasci de piadas bagualas das domas a campo fora
Surro e risco de reio e espora qualquer cavalo aporreado
Sem ninguém no meu costado, pois sozinha eu gineteio
Não boto sela e freio pra ficar mais engraçado
Nas festas da freguesia com meu vestido de chita
No cabelo um nó de fita de pura seda encarnada
Por certo contrabandeada da Argentina ou do Uruguai
Ou talvez do Paraguai que para cá foi recambiada
Nos bailes de domingueira em ramadas ou galpão
Danço xote e um vaneirão nos quatro cantos da sala
Meu par eu deixo na sala num rancheirão bem pulado
Se o peão não for educado eu surro ele de pala
Nestes meus versos nativos que eu deixo escrito aqui
Sou neta de um Guarani, bisneta de um cacique
O meu grito faz repique nas canhadas do meu pago
Esta alegria que eu trago aqui eu quero que fique