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Flor Destruída

Benedito Seviero

Por não ser compreendida
A cor do meu coração,
Senti minh'alma envolvida
Na cruel desilusão.

Apesar de esclarecida
A minha boa intenção,
Você deixou escondida
A verdade e a razão.

Prevendo a luta vencida,
Cheguei nesta conclusão:
Que não será construída
Nossa feliz união.

Com a esperança perdida,
Vou mudar de opinião:
Vou te dar por esquecida,
Sufocando esta paixão.

Sinto ainda refletida
Na minha imaginação
A tua voz comovida
Cheia de falsa emoção.

A tua alma fingida
Não mostrava ingratidão.
Mas teu coração, querida,
Nunca teve compaixão.

Você é bem recebida
Nos olhos da multidão.
A dama mais preferida
Das altas repartição.

Por isso, desiludida,
Com o mundo em suas mão.
Porém não é garantida
Esta tua posição.

No correr da própria vida
Vai morrer esta ilusão,
Olhando as rugas seguidas
Que mudam sua feição.

Quando estiver sem guarida,
Ao lado da perdição,
O cigarro e a bebida
Vai ser tua distração,

Relembrando arrependida
Seus tempos que longe vão.
Sua imagem abatida
Não esconde esta aflição.

És uma Flor Destruída
Que se desfolha no chão.
Sabendo que foi traída
Por sua própria traição.






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