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Sete Sonetos

Beethoven


Para um só humano são duas sentenças.
Os três mosqueteiros são quatro. __ Que contas!
São cinco os sentidos. __ O que mais tu me aprontas?
Meia dúzia de idas, milhões de nascenças.
Queria saber entender muitas crenças,
Depois transcrever, como hoje me apontas.
Oh! Mundo das letras. Nos versos – confrontas –
De Sete Sonetos, nobrezas intensas.
Que faça-se ouvir no soneto primeiro
O verbo da culpa de ser estrangeiro,
Na pátria, no lar ou na mente alheia.
Que veja-se o risco no ter avareza
Por terra, petróleo, por água ou riqueza.
Oh! Sol sábio amigo! Traz-me a lua-cheia.
II
De quadras e ricas setilhas violeiras.
Lendária contagem de vidas felinas.
Mulheres setênias, ainda meninas,
Esperam dobrar para serem meeiras
Do filho que nasce no véu da poeira.
A outra metede pertence às campinas.
Seus sonhos remotos são velhas colinas,
Seguindo cortejos, subindo ladeiras.
Se for-lhe possível, luar, docemente,
Cobrir essa vírgem que, precocemente,
Deu luz e destino de pré-emigrante...
Proteja e banhe os grãos desse milho
Para o “filho-da-mãe” quando for “pai-do-filho”
Levar dessa roça um orgulho gigante.
III
Oh! Sol das quenturas! Tu não exageras
Mantendo aquecidos teus filhos, tuas crias.
Oh! Gelo distante! Tu nunca resfrias,
Nas faces marcadas, as sete crateras.
Mas sendo consenso o sábio de veras,
Misture-os. Traga às nossas bacias,
Aos Chicos e Mares as águas sadias,
“Termo-controladas”. Pra gente? Espera!
Não deixe que nada padeça de sede.
Nem peixe, nem bicho, nem galho, nem rede,
Que sempre serão mais humanos que nós.
E sem disparate às flores que colho,
suplique a essa estrela: Arregale um só olho!
Usando meia luz, meio grau, meia voz.
IV
O vento moderno soprando fresquinho
Desnuda o caminha que traz a “internet”.
“ On line”, “E-mail”, “orkut”, “delete”.
Quem tem vinte e sete é quase velhinho.
O escriba que, ainda, em seu pergaminho
Rabisca histórias, com o novo compete.
O navegador lema “mouse” ou “disquete”.
O pombo-correio nem é passarinho.
O forno da mídia cremando conceitos
É inativez a ativos perfeitos.
O vasto universo tão tátil, tão nu.
A mão sobre a roda, a luz, o alento.
Ao “analfabite”, distanciamento.
O sono das filas... “Neo-Carandiru”!
V
As tais maravilhas do mundo... Anões...
As notas da escala... O sete em setembro...
O dois junto ao cinco no mês de dezembro...
As cores do arco... Os sete grilhões...
Os pães e peixinhos... Multiplicações...
Pecados mortais, capitais... Ainda lembro:
Tem sete cabeças o bicho sem membros!
Sete cavaleiros, suas revelações.
A veracidade não faz coincidência.
Nas somas e contos mostrar veemência,
Parece omitir contas de mentiroso.
Pois sete sonetos, fantasticamente,
Imergem palavras a fundo na mente.
A palmos, em sete, fecunda-se o gozo.
VI
Nos corpos, em chama tão peculiar,
Concebe-se o filho; croqui de pessoa.
Coração do corpo, do barco a proa.
Cunhã na aldeia, na igreja o altar.
Pai “onipresente”, implúvia, radar,
Com atos e fatos o anjo abençoa.
O amor compartilha, à familia se doa.
Ao gomo, a glória; aos netos, um lar.
No sétimo dia descansa, à mercê.
À cria compete vivar o dever,
Em hinos ou nênias berrar alto e forte:
“__Não mate com vícios a vida que prega!
Garimpe a excelência que a honra não nega!”
Contrário caminho explica a morte.
VII
Agora proclama, à língua afiada,
O som derradeiro na conta dos sete.
O eco da rima o vento repete.
Aos homens de bem a honrosa jornada.
Em cena a paixão, ora palavreada,
Com o refinamento que ao sábio compete.
No foco esses corpos de reis e valetes,
Em anos de copas e bola encantada.
Tomai e bebei, audições piedosas,
As sãs poesias, tão melodiosas,
Embora calosos, descalços no solo
Os pés que conduzem tais corpos a planos
Jamais povoados por falsos fulanos.
Os filhos sem pátria, sem mátria, sem colo.







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