Eu fazia ponto na largo da igreja daquela cidade
Todos os domingos meu carro de praça deixava brilhar
Só para chamar atenção daquela que amava em segredo
Quando ela passava e entreva na igreja para comungar.
Um dia com o noivo procurou-me e disse eu quero seu carro
Pra meu casamento enfeite bonito com flor de jardim
Ela não sabia que naquela hora seu simples convite
Plantava um espinho sangrando de dor aqui dentro de mim.
Enfeitei meu carro, fiz o seu desejo,
Durante o cortejo de ciúme e dor
O sino da igreja mais triste batia
Porque ali morria meu sonho de amor.
Do retrovisor eu via os noivos no banco traseiro
Em beijos a braços, eu morto de inveja sem nada dizer
Pensei atirar o carro num poste e acabar com tudo
Mas lembrei que a ela não cabia a culpa de não me querer.
No meu porta luvas guardei um daqueles botão de roseira
Enquanto ela murcha também vai murchando minha alma infeliz
Enquanto ela vive contente feliz nos braços de outro,
Sou o motorista mais triste do largo daquela matriz.