Ei, doutor! O senhor me ensina a ler!
Ei, doutor! Eu lhe ensino a jogar capoeira,
Tocar birimbau e agogô.
Neste mundo tão ingrato,
Esta é a vida nua e crua,
Hoje, agora, aqui e ali,
Me chamam menino de rua
Nos tempos passados
Que eu jogava capoeira,
Os mais velhos assim chamavam:
Este menino é um capitão de areia!
A alta sociedade,
Que não liga para a gente,
Quando um de nós tomba morto,
Nos enterra como indigente.
Eu, menino de rua,
Não tenho casa pra morar,
Moro aqui, ali e acolá.
A marquise da avenida é o nosso lar.
É, pivete, é trombadinha,
É um menino de rua,
É criança abandonada,
É um menino de rua.
De uma coisa eu tenho certeza,
Um nome eu tenho que ter,
Mas se eu não sei o meu nome,
É por que não aprendi a ler.