A sombra do poeta não mais nos abrigará,
Do sol que arde em nossas cabeças
Agulhas e migalhas não vão mais te calar,
Pedindo um pouco de sofrimento
E o reto e o ereto,
Indicam mil formas de tentar,
Dispostas a arriscar,
Um traço a mais de teus movimentos.
Nesta tela de formas pintadas por mãos grotescas,
Dispostas a arriscar,
Um traço a mais no retrato de Dorian Gray,
Devolva a minha vida
Para que eu possa ver o dia
E a chuva destrua este quadro humano, feto de agonia.
E então tu voltas, a caminhas pela noite,
Buscando o açoite
em movimentos tão obscuros
E passo a passo o caminho se forma,
E a ira deságua na terra
Segrega então o escracho de tua boca infiel
Da tua boca infiel e insana
E daí-me um gole
E que venham os sentidos
Entre artes e florestas
E em nossas vidas
Um ciclo de medos invulneráveis,
Ações impensadas,
Massacrando as ervas.