Se o fel da solidão vem em pequenos goles de esperança
Meu coração é um litro cujo fundo não se alcança
Como pode a figurante, tão distante que vira cenário
Estrelar a trama de um otário como eu?
Será Deus, será Deus, que a estranha nos meus sonhos
Como eu, como eu, sonha com estranhos?
Ei, estranha, eu sei o teu peito também arranha
A vida é assim, mas não crave suas unhas logo em mim
Eu, que pago a penitência de morar na sombra da sua ausência
Saudade de te fitar com os olhos da cidade
Será Deus, será Deus, que a estranha nos meus sonhos
Como eu, como eu, sonha com estranhos?
Serei Deus eu nos seus olhos tão castanhos?
Seremos ela e eu bons e velhos estranhos?
Nada é real, nada é real, enfim
Triste é que, afinal, nada é mais real, pra mim
Será Deus, será Deus, que a estranha nos meus sonhos
Como eu, como eu, sonha com estranhos?
Serei Deus eu nos seus olhos tão castanhos?
Estranhos
Composição: Vitor Alencar de Mesquita