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Odeon

Baden Powell

Ai, quem me dera
o meu chorinho tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
quando ouvia ele fazer tanto chorar
Ai, nem me lembro há tanto,
tanto, todo o encanto de um passado.
Que era lindo, era triste,
era bom, igualzinho a um chorinho chamado Odeon

Terçando flauta e cavaquinho
meu chorinho se desata.
Tira da canção do violão
esse bordão que me dá vida, que me mata.
É só carinho o meu chorinho,
quando pega e chega assim
Devagarzinho, meia-luz, meia-voz,
meio tom, meu chorinho chamado Odeon

Ah, vem depressa chorinho querido,
vem, mostrar a graça que o choro sentido tem.
Quanto tempo passou,
quanta coisa mudou,
já ninguém chora mais por ninguém
Ah, quem diria que um dia,
chorinho meu, você viria
com a graça que o amor lhe deu.
Pra dizer "não faz mal,
tanto faz, tanto fez, eu voltei pra chorar com vocês"

Chora bastante meu chorinho,
teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim pra não tocar
tão lindo assim, porque parece até maldade.
Ai, meu chorinho, eu só queria
transformar em realidade
A poesia, ai, que lindo,
ai, que triste, ai, que bom,
de um chorinho chamado Odeon

Chorinho antigo, chorinho amigo,
eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
e até parece aquela prece que sai só do coração.
Se eu pudesse recordar e ser criança,
se eu pudesse renovar minha esperança.
Se eu pudesse me lembrar como se dança
Esse chorinho, que hoje em dia ninguém sabe mais

Composição: Ernesto Julio de Nazareth





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