O nascimento de Assis Valente sempre foi cercado de lendas. Até a data de seu nascimento é incerta. Algumas fontes citam 19 de março de 1908; outras, 19 de março de 1911. Consoante seu próprio relato, ele teria nascido quando sua mãe fazia uma viagem de Bom Jardim à cidade de Patioba (Bahia) “em plena areia quente”. Só que ele também dizia ser natural de Campo da Pólvora, em Salvador, filho de José de Assis Valente e de Maria Esteves Valente, pais que ele efetivamente pouco conheceu, pois, aos seis anos de idade, teria sido seqüestrado por um tal de Laurindo e entregue para ser criado por uma família residente na cidade de Alagoinhas, a família Canna Brasil.
Como desenhista das revistas Shimmy e Fon-Fon, Assis Valente aproximou-se do meio artístico. Conheceu Heitor dos Prazeres em 1932, que, ao ouvir suas primeiras músicas, incentivou-o a compor. Entre ser protético ou compositor, Assis ficou com as duas. Batucando na bancada do consultório, poesia e melodia nascendo juntas.
Aproveitando o intervalo de uma apresentação circense, em determinado dia, ele pula para o picadeiro e começa a declamar os versos de uma poesia de sua autoria. Agradou tanto que foi agregado ao circo, atuando, a partir daí, como orador e comediante. Nesse circo, vagou pelo interior baiano por cerca de um ano, após o qual voltou para Salvador retomando seus estudos e, graças ao seu aprendizado de criança, trabalhando também como farmacêutico. À noite, fazia um curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, ao mesmo tempo em que se profissionalizava como especialista em prótese dentária. Seu sonho dourado, entretanto, era outro. Era brilhar. Eram as luzes da cidade grande. Era, afinal, o Rio de Janeiro. Na primeira oportunidade, em meados de 1927, viajou para a capital Federal em busca da realização desses sonhos.
Em meados de 1930, descobriu uma nova aptidão: compor músicas, influenciado pelo início do “boom” por que passava a música popular brasileira. Começam a surgir os nomes de Noel Rosa, Braguinha, Lamartine Babo, Brancura, Baiaco, Ismael Silva, Almirante, Orestes Barbosa, Cristóvão Alencar, Cartola, Custódio Mesquita, Nilton Bastos, Bide e muitos outros. Seu potencial logo foi reconhecido por um bamba do pedaço, o compositor Heitor dos Prazeres (1888 - 1966), que ficara impressionado com seu potencial.
O Brasil inteiro foi surpreendido, nesse ano de 1958, com uma morte que empobreceu sobremaneira a música popular brasileira: Assis Valente, um dos mais originais compositores brasileiros de todos os tempos, morre tragicamente por suicídio, na cidade do Rio de Janeiro, misturando formicida com guaraná.
Assis Valente compõe "Boas Festas", gravada por CarlosGalhardo, e "Cai, cai, balão", (com Aurora Miranda e Francisco Alves), ambas sucessos até hoje. Carmen Miranda, ainda grava "Etc." e "Good bye boy".
Em 1932, Araci Cortes grava "Tem francesa no morro", composição de Assis Valente.
A década de 40 seria barra pesada para Assis Valente. Mesmo sendo homossexual, em uma época em que a sexualidade de todos era severamente vigiada, ainda em 1939, o compositor se casara, sem que os amigos soubessem, com a datilógrafa Nadyle da Silva Santos, casamento que durara somente até o início de 1941, quando nasce sua única filha, Nara Nadyle. Mas, as mágoas com Carm
Assis Valente, mais tarde, diria que, mesmo criança, “trabalhava como um condenado”, sua patroa o tratando quase como um escravo. De qualquer maneira, o tempo dessa sofrida infância foi compensada, se assim se pode dizer, pelo fato de, à noite, ele estudar, o que era incomum para os pobres agregados daquela época. Ser alfabetizado muito o ajudaria no incerto futuro que o esperava.Ainda menino, sua família adotiva resolve se mudar para Salvador. Graças à intervenção do avô de criação, consegue ser levado junto para a capital do Estado, onde teria que se virar sozinho, porquanto logo os Canna Brasil partiram para o Rio de Janeiro. O sustento do garoto viria de uma vaga de lavador de frascos em uma farmácia do Hospital Santa Isabel.
ara se sustentar na cidade, Assis imediatamente arranjou um emprego como protético e, já razoavelmente habilidoso nos desenhos, consegue vender alguns para as revistas Shimmy e Fon-Fon. Durante alguns anos, essa foi sua vida: durante o dia, especializava-se, cada vez mais, em sua profissão de especialista em próteses dentárias; de noite, tentava aperfeiçoar seus desenhos, tendo em mente uma futura profissão mais de acordo com sua personalidade: as artes.
Sua esperteza chamou a atenção de um padre – o padre Tolentino – que o levou para a cidade de Bonfim, empregando-o na farmácia do hospital da cidade, onde, devido à sua capacidade, sem demora seria promovido ao cargo de secretário da diretoria. Essa história, um tanto quanto fantasiosa (ele teria uns dez anos de idade a essa época), teve um amargo fim para o garoto: já lendo com desenvoltura, gostando de poesias, principalmente de Castro Alves e Guerra Junqueiro, um poeta inimigo da religião, foi chamado para declamar alguns versos em uma quermesse do hospital. Escolhe, sem se dar conta, de versos anticlericais, deixando indignados os presentes, imediatamente sendo destituído do cargo. Já sonhando com as luzes da ribalta, sem família ou amigos íntimos, enxergou a luz no fim do túnel com a chegada à cidade de um circo, o Circo Brasileiro.
José de Assis Valente (Santo Amaro, 19 de março de 1911 — Rio de Janeiro, 6 de março de 1958) foi um compositor brasileiro, levado ao suicídio por dívidas. Dentre suas composições mais famosas está “Brasil Pandeiro”
Era filho de...