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Riozinho

As Galvão

Meu rio pequeno, braço líquido dos campos
Rodeado de barrancos, corroído pelos anos
Vai arrastando folhas mortas de saudade,
Por-do-sol de muitas tardes, ilusões e desenganos.

Cruzando vales, chapadões e pantanais
Bebedouro de pardais, branco espelho de luar,
O seu roteiro não tem volta só tem ida,
Pra findar a sua vida na amplidão azul do mar...

Riozinho amigo, são iguais as nossas águas:
Também tenho um rio de mágoas a correr dentro de mim
Cruzando n’alma campos secos e desertos,
Cada vez sinto mais perto o oceano do meu fim.

Riozinho amigo, nasceste junto à colina,
Eras um fio de água de mina e cresceu tão lentamente
Margeando matas, cruzando campos de flores,
Passarinhos multicores seguiram vossa corrente.

Riozinho amigo, quantas vezes assistiu
Acenos de quem partiu, encontros dos que chegaram.
Foi testemunha de muitas juras de amor
Quantas lágrimas de dor tuas águas carregaram.

Meu rio pequeno, sobre a areia do remanso,
Animais em seu descanso ali vem matar a sede,
As borboletas em suas margens se amontoam
E depois alegres voam, na amplidão dos campos verdes

A brisa encrespa o seu rosto de menino,
Com o mais tenro e divino beijo da mãe natureza.
Lindas paisagens, madrugadas coloridas,
Encontros e despedidas seguem vossa correnteza...






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