rnaldo Dias Baptista nasceu em 6 de Julho de 1948, em São Paulo.
Já em 1962, completamente tomado pela febre do rock'n'roll, Arnaldo formou juntamente com seu irmão Cláudio César e o amigo Rafael o grupo The Thunders.
Em 1968, juntamente com seu irmão Sérgio e Rita Lee, formou Os Mutantes. Onde Arnaldo acabou se tornando o principal líder, arranjador e compositor. Após vários problemas e discussões internas, Arnaldo decidiu abandonar o grupo em 1973. Em julho do mesmo ano Arnaldo fez sua estréia solo no Festival de São Lourenço.
Ainda em 1973, Arnaldo, resolveu virar produtor musical e chegou a produzir o primeiro compacto da banda Joelho de Porco "Se Você Vai De Xaxado, Eu Vou De Rock'n'Roll/Fly América". Infelizmente nem o compacto e nem a carreira de Arnaldo como produtor acabaram decolando.
Já em 1974, lançou o Lp "Loki?". Um álbum que trouxe um Arnaldo amargurado, sofrido, alucinado, porém, não menos genial. Arnaldo pareceu querer mostrar aquelas canções sofridas e amarguradas para o mundo, como se isso fosse aliviar seu próprio sofrimento. No decorrer das 10 faixas, ficou evidente que a maioria das canções, tinham como tema central seu tempestuoso relacionamento com Rita Lee. Gravado em poucas sessões e praticamente ao vivo em estúdio, o álbum contou com a participação do velho amigo e maestro Rogério Duprat nos arranjos, Liminha no baixo, Dinho na bateria e surpreendentemente Rita Lee nos backing vocals de duas canções. Aliás, essa "visita" de Rita aos estúdios só ajudou a piorar ainda mais as crises depressivas e atitudes estranhas de Arnaldo. Ainda mais quando ele descobriu que Rita já o havia "trocado" por Andy Mills (técnico de som do cantor Alice Cooper). Ignorado na época por crítica e público, o álbum com o passar dos anos foi finalmente sendo reconhecido com uma marco único na música brasileira. Nunca um LP foi tão confessional e lírico ao mesmo tempo. Onde o humor, a loucura e o sarcasmo se apresentam em doses exatas. Um álbum mais atual do que nunca. Para poucos, pois poucos tiveram a sensibilidade de sentir o que Arnaldo estava passando naquele momento. Um disco que pode ser resumido na trilha sonora de dor, mais absurdamente exposta que já se ouviu. Um marco não só do rock brasileiro, mas sim um marco da música brasileira num todo.
No ano de 1976, Arnaldo formou o grupo Arnaldo e Phoenix. O grupo, do qual hoje o próprio Arnaldo não se lembra, chegou a ser convidado para tocar no lendário festival de Águas Claras. Após quatro dias adiando a participação do grupo, o ex-Mutante, na última hora, não teve coragem de subir no palco. Ao fazer isso, Arnaldo, não se deu conta de que estava decretando o fim da meteórica carreira do grupo.
Em meados de 1977, após recusar o convite do irmão Sérgio para voltar aos Mutantes, Arnaldo, ainda mais deprimido e alucinado, formou a Patrulha do Espaço. Uma banda que juntava Punk, Beatles, Elton John, Ficção Científica e toda generalidade de Arnaldo já iniciada em "Loki?". Juntamente com o ex-Mutante estavam Osvaldo Cokinho Gennari (ex-Neblina e Banho de Lua), Palhinha na guitarra e Flávio Pimenta na bateria. Antes mesmo do primeiro ensaio acontecer Palhinha e Flávio decidiram sair. Para os seus lugares foram chamados respectivamente John Flavin (ex-Secos & Molhados) na guitarra e Rolando Castello Jr. (ex-Tarântula, El Tri, Aço, Aeroblues e Made In Brazil) na bateria. Já em 1978, quando já estava com eles o guitarrista Eduardo Dudu Chemont (ex-Santa Fé, substituindo Flavin), Arnaldo resolveu retirar-se do grupo, principalmente por motivos de cansaço. O público só veio a tomar conhecimento dessa fase obscura de Arnaldo, com o lançamento em 1988 do álbum "Elo Perdido" (gravado em 1977) e do álbum "Faremos Uma Noitada Excelente" (gravado em 1978) e lançado em 1987.
Ainda no ano de 78, após sair da Patrulha, o próprio Arnaldo anunciou que estaria retornando ao Mutantes, para shows e a gravação de um novíssimo Lp. O que não aconteceu.
Em 1979, ainda meio sem rumo, Arnaldo foi para o Rio de Janeiro onde foi convidado a participar do grupo Unziotru. Além do ex-Mutante, o grupo ainda contava com Lulu Santos (ex-Vímana) na guitarra, Antônio Pedro de Medeiros (ex-Mutantes) no baixo e como convidado especial Rui Motta (ex-Mutantes). Em um dos shows a bateria foi executada por Lobão (ex-Vímana). Com o grupo formado, acabaram marcando 4 shows na Funarte, no Rio de Janeiro. Os shows acabaram valendo mais por seu conteúdo histórico do que por outra coisa. Durante os shows Arnaldo apresentou apenas pequenos fragmentos no piano tocando boogie-woogie enquanto Lulu cantou algumas coisas do seu repertório inicial. Após esses quatro espetáculos o grupo acabou se dissolvendo.
Já em 1982, Arnaldo entrou em estúdio para gravar "Singin' Alone". Um disco que poderia perfeitamente ser chamado de "Loki? Vol.2", pois assim como em "Loki?", Arnaldo agiu com se estivesse vomitando todas as suas decepções, mágoas, dores e depressões em desesperadas viagens musicais fora dos padrões normais de compreensão. "I Feel In Love Again" (ainda da época da Patrulha), "Bomba H Sobre São Paulo" e "Jesus Come Back To Earth" são claros exemplos. Vale como detalhe o fato de Arnaldo ter decidido gravar sozinho todos os instrumentos, comprovando ainda mais a completo valor pessoal de cada composição. Ainda em 82, devido a seu comportamento agressivo e seu aumento do problema com as drogas (Arnaldo já havia sido internado em outras cinco oportunidades) ele foi novamente internado no hospital psiquiátrico para tratamento. Cada vez mais depressivo, ele saltou do terceiro andar indo seu corpo atingir o solo pouco depois com fratura na base do crânio (fratura essa que além de ser gravíssima, na maioria das vezes leva a pessoa à morte), edemas, fraturas e diversas lesões pelo corpo. Após qautro meses e onze dias no mais profundo estado de coma, Arnaldo, após passar por inúmeras sessões de terapia alternativa, quase que por milagre acordou, deixou o hospital e foi para casa.
Em abril de 1983, Arnaldo fez uma de suas primeiras aparições em público desde o seu acidente. Isso foi proporcionado pelo canto Belchior, que com um show no Tuca, convidou Arnaldo para uma participação especial. Essa apresentação proporcionou reações bem distintas na platéia. A primeira foi de alegria, por ver um Arnaldo vivo e com forças para a longa recuperação que teria que encarar. E a segunda de pura tristeza, pois ainda encontraram um Arnaldo bastante debilitado. O ex-Mutante foi trazido até o microfone por duas pessoas, que o posicionaram em frente ao mesmo, colocaram suas mão sob o microfone, e ali o deixaram, e ali ele ficou imóvel, durante todo o seu set, que incluiu "Será Que Eu Vou Virar Bolor", "Cê Tá Pensando Que Eu Sou Loki?" (único momento em que ele soltou uma das mãos para fazer o movimento espiral como dedo indicador próximo a orelha, ilustrando a letra), entre outras pérolas. Arnaldo se comunicou com o público apenas por gestos e por uma fala ainda incompreensível. Apesar de todas as dificuldades, mostrou a todos que estava vivo, que havia conseguido sobreviver ao inferno e principalmente: havia voltado ainda mais genial.
Ainda no ano de 83, Arnaldo decidiu formar a banda "Ghy" pra acompanhá-lo em uma série de apresentações. Após poucos meses de vida o grupo encerrou suas atividades.
No ano de 1987, Arnaldo lançou o Lp "Disco Voador". Apesar de ter sido gravado do modo mais caseiro possível (tendo Arnaldo tocado apenas um teclado com ritmo eletrônico e gravando todas as faixas em apenas dois canais), o álbum além de servir como uma espécie de terapia, também serviu para mostrar mais uma vez a todos que sua recuperação havia apresentado resultados fantásticos.
Em 1989, decidiu voltar a tocar ao vivo. Infelizmente a sua volta ao palcos acabou se resumindo a duas participações especiais, cantando e tocando teclados ao lado das bandas "3 Hombres" e "Maria Angélica". Esses shows marcaram o lançamento do disco "Sanguinho Novo". Um Lp onde treze bandas prestaram um tributo a Arnaldo gravando treze de suas composições, sendo elas conhecidas ou não.
No ano de 1995, compôs a trilha sonora do curta-metragem "Sinhá Demência e Outras Histórias" do cineasta Christian Saghaard.
Em 1996, Arnaldo foi contratado pela gravadora Virgin para o relançamento em cd do seu álbum "Singin' Alone". Aproveitando a chance, entrou em estúdio após quatorze anos, pra regravar como bônus de "Singin' Alone" uma nova versão de sua já clássica "Balada do Louco". A mesma acabou se tornando parte da novela "Fim do Mundo" exibida na Rede Globo.
Morando a quase quinze anos em seu pacato sítio em Juiz de Fora, Minas Gerais, Arnaldo passa os dias juntamente com sua mulher Lucinha Barbosa. Ele divide seu tempo entre pintar quadros, camisetas, escrevendo, lendo muito, tocando e compondo. Para o futuro, pretende fazer exposições de seus trabalhos artísticos, lançar livros (tem vários do gênero "Ficção Científica" prontos) e principalmente lançar um disco inédito (seu contrato com a Virgin prevê ainda a gravação de um álbum), que por enquanto tem o título provisório de "Let It Bed".
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Até que finalmente em 2004, com a ajuda de John, da banda Pato Fu, e Rubinho Trol, Arnaldo Baptista lança o álbum Let It Bed.
John e Rubinho levaram para o sítio equipamento suficiente para um bom home-estúdio. Logo de cara perceberam que Arnaldo queria tocar de tudo e passava muito rapidamente de um instrumento para outro. Por isso decidiram espalhar microfones por todo o estúdio do sítio, deixando tudo ligado o tempo todo para manter o momento criativo sempre em alta.
Com o CD pronto só faltava a gravadora para lançar o disco, mas por incrível que pareça, nenhuma se interessou pelo novo disco do dele. Então com o apoio do Lobão, lançaram o CD de forma independente nas bancas junto com a revista Outra Coisa, sendo um sucesso de vendas e da crítica.