Quando tinha quase 18 anos, fui morar com um primo no Largo da Segunda-Feira, na Tijuca. Esse primo, Dininho, me levou aos ensaios do Salgueiro, lá em cima do morro. Me apaixonei pelos sambas de quadra”, prossegue. O samba misto e impuro, com ênfase no formato do samba-enredo (por vezes cantado mais em coro que pela voz solo de João), prosperaria em “O mestre-sala dos mares” (1975), “O rancho da goiabada” (1976) e “O bêbado e a equilibrista” (1979). Elis desfilaria os sambas um por um, desacelerando-os e tornando-os densos e dramáticos como gemidos de clausura, tortura e ditadura. ALDIR BLANC
Aldir conclui a narrativa primordial: “Resumindo, pontos de macumba e os sambas de quadra do Salgueiro são a formação do compositor que me tornei. Nas idas à ilha de Paquetá, fiz parceria com compositores que passavam períodos lá e concorri no Festival Universitário de MPB de 1970, no qual fiz meu primeiro sucesso, com Sílvio da Silva Jr., ‘Amigo é pra essas coisas’, gravação original do MPB-4.”
2013 - O Brasil precisa conhecer melhor o Aldir", diz o jornalista Luiz Fernando Vianna, autor do livro "Aldir Blanc: Resposta ao Tempo" [Casa da Palavra, 352 págs., R$ 55], que chega às livrarias nesta semana. -"Com o tempo, ele foi se fechando em casa e em si mesmo. Além do trauma que representou a morte das filhas gêmeas e da mãe, ainda sofreu um grave acidente de carro em 1991, que deixou sua perna esquerda quase sem movimento. Andar na rua passou a ser perigoso. Some-se a isso a diabetes 2, diagnosticada às vésperas da Copa do Mundo de 2010, cuja dieta necessária exigiu o fim do consumo de álcool, e você vai entender por que ele prefere, aos 66 anos, viver cada dia de uma vez, recebendo em sua biblioteca as pessoas que realmente ama e, sempre que possível, fazendo música".
A ideia de viver só de música vinha ficando cada vez mais forte. Na época, Aldir já era um compositor gravado por Elis Regina, letrista do sucesso "Amigo É Pra Essas Coisas", e a parceria com João Bosco andava a mil.
A gota d'água foi a morte, em 1974, de Maria e Alexandra, gêmeas que seriam as primeiras filhas de seu casamento com a professora Ana Lúcia. Nasceram prematuras de sete meses. Maria morreu logo, Alexandra ainda resistiu na incubadora enquanto deu: "Ela morreu sangrando por todos os orifícios: ouvidos, nariz, boca. Aí o seguinte: se não salvo as minhas filhas, não salvo ninguém. Tô fora, não é isso que eu quero fazer".
"Não saímos na pernada. Tanto que, quando voltamos, foi como se tivéssemos nos visto na noite anterior", conta o parceiro, que em 2009 gravou o CD "Não Vou Pro Céu, Mas Já Não Vivo no Chão". O título é um verso do "Samba de Caramujo", no qual Aldir, em primeira pessoa, fala como se fosse João Bosco. Nunca antes tão afinados.
O ronco da cuíca de Aldir Blanc
O compositor fala sobre sua famosa parceria com João Bosco e reflete sobre o Brasil que sua obra espelhou e, vanguardista, antecipou
Roncou, roncou. Roncou de raiva a cuíca, roncou de fome. Em 1972, há exatos 40 anos, deu-se um encontro que mudou, mais uma vez, os rumos da música brasileira. Aldir Blanc, carioca do bairro do Estácio e médico especializado em Psiquiatria, encontrou-se com João Bosco, mineiro da cidade de Ponte Nova e estudante prestes a se formar engenheiro civil. Aldir foi fazer letra. João foi fazer melodia. A parceria “Bala com bala” fez sucesso na voz da madrinha Elis Regina. Os quixotes sentiram-se fortes para abandonar a psiquiatria e a construção civil em benefício dos moinhos de vento da MPB.Por Pedro Alexandre Sanches
2013 - Alceu, ainda sacudido aos 90 anos, aparece nas crônicas do filho como Ceceu Rico (apelido de infância porque, ao contrário de outros meninos do Estácio, costumava brincar na rua de sapato fechado, e não descalço). Funcionário do antigo Iapetec, asmático, fumava Lincoln sem filtro e jogava sinuca e nos cavalinhos.
De poucas palavras, com o tempo tornou-se o maior amigo de Aldir, a única pessoa com quem ele, hoje, arrisca uma saída rápida, de seu apartamento na Muda até um bar escondido nas redondezas.
Conta Luiz Fernando Vianna, que elege entre as suas canções prediletas "Gol Anulado" e "Transversal do Tempo", ambas do disco "Galo de Briga", de 1976.
O marinheiro João Cândido, o “Comandante Negro”, liderou o motim dos marujos na Baía da Guanabara contra os maus-tratos e castigos físicos impostos por oficiais. A Revolta da Chibata. Em sua homenagem, Aldir Blanc juntamente com João Bosco criaram o samba Mestre-sala dos mares.
Aldir é capaz de fazer letra dormindo: "Escadas da Penha" é literalmente um sonho que teve com João. "Posso ter duas táticas totalmente distintas", explica. "A que chamo de embrenhar pelo ouvido consiste em ouvir a música direto, com fones no ouvido, geralmente de madrugada, até me levar a um estado de loucura. De repente, você se descobre alucinado correndo atrás de lápis e papel. Porque a letra começou e eu não posso perder. Foi assim com 'Dois Pra Lá, Dois Pra Cá'. Fiz com tanta velocidade que só depois fui ouvir a fita para ver se tinha uma frase a mais ou a menos".
Conversávamos todo dia por telefone, ele mandava o texto ou eu a música, e dava tudo certo. Metemos fundo o pé no acelerador porque sabíamos que a máquina estava quente e azeitada", lembra João Bosco, e desfia a sequência incrível de obras-primas: "Mestre-Sala dos Mares", "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", "Latin Lover", "Caça à Raposa", "Rancho da Goiabada", "Falso Brilhante" e "O Bêbado e a Equilibrista", a mais famosa.
A estreia, em 2010, registrou a última aparição pública de Aldir Blanc; a íntima foi ano passado, no aniversário da neta Cecília, quando se fez acompanhar, ou "escoltar", como ele próprio definiu, por dois amigos: o artista plástico Mello Menezes e o advogado Edu Goldenberg. Tudo correu bem.
ALDIR BLANC E JOÃO BOSCO: 40 ANOS DE PARCERIA
João Bosco e Aldir Blanc se conheceram no início dos anos 70, quando moravam em cidades diferentes. Eles só se encontravam pessoalmente durante as férias da faculdade de João, que durante o ano letivo enviava as letras por carta para Bosco. A união das duas mentes logo fez sucesso, as canções que fizeram juntos chegaram às rádios, nas vozes de: Elis Regina, Simone, Gal Costa, Clara Nunes, Djavan e muitos outros.
A experiência o animou a retomar um romance policial que já lhe custa duas décadas de fabulação e experimentação. Segredo total: sabe-se apenas que uma das chaves da história é "O Mistério da Cruz Egípcia", de Ellery Queen.
No Hospital GUSTAVO RIEDEL - Eram 40 leitos para mais de 80 pacientes. Todos eram dopados com uma mesma droga. O uso de eletrochoques, rotineiro -Aldir se negou a adotá-lo. Não aguentou a barra e, após um ano, saiu para abrir consultório próprio na rua da Assembleia, no Centro do Rio. Às vezes, chamava o paciente para conversar na rua ou num bar. Assim foi até 1973.
Ao lado de Carlos Lyra, com quem nunca havia composto, fez a trilha do musical "Era no Tempo do Rei", baseado no romance de Ruy Castro e com adaptação de Heloisa Seixas e Julia Romeu. Para canções, valsas, polcas, viras, choros, toadas, tangos, marchas, Aldir criou letras de absurda riqueza verbal -numa delas há nada menos que dez sinônimos para vagabundo: bilontra, escroque, sarnento, lapuz, tuna, labrosta, mamparra, mucufa, groma, labrego.
No pesado e pessoal "Vida Noturna", de 2005, Aldir interpreta as 12 faixas de sua autoria. É um CD certeiro em capturar o universo do anacoreta da Muda. Mary, sua mulher, saiu-se com a melhor crítica: "É um disco para ouvir no térreo".
O Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília apresentou "Dois pra lá, dois pra cá", uma homenagem aos 40 anos de parceria entre Aldir Blanc e João Bosco. O evento durou três fins de semana e trará vários artistas que interpretaram composições fruto do trabalho conjunto da dupla.
A dupla ALDIR BLANC E CESAR COSTA FILHO efêmera deixaria para a posteridade a soturna “Ela” (1971), primeira canção de Aldir gravada por Elis, que a usaria para batizar seu álbum daquele ano: “Ela sente a solidão do oitavo andar/ todo dia à hora triste do jantar/ só um copo, só um prato e ao lado um só talher/ tudo é um em seu pequeno mundo de mulher.”
Quem conhece Aldir Blanc de perto acha que ele é um cara absolutamente normal. Tem aquela barba e os cabelos longos de careca rebelde, a pele branca de leite, a voz grave com sotaque inconfundível da Zona Norte carioca, sujeito alto e emotivo, claudica da perna esquerda, seus olhos ternos às vezes se perdem na contemplação do vazio... Absolutamente normal.
Aliás, um de seus melhores amigos, o escritor Ivan Lessa -na medida em que duas pessoas podiam ser amigas, uma delas morando em Londres, a outra no Rio- insistia que ele deveria virar personagem de quadrinhos: Aldir, o Normal, de preferência desenhado por Robert Crumb ou Jaguar.
Aldir orgulha-se de ter realizado uma aspiração de garoto ao escrever essas crônicas. Sempre nutriu admiração pelos compositores que exerceram ao mesmo tempo uma atividade jornalística ou literária. Não importa se um cronista da importância de Antônio Maria, um letrista pioneiro como Orestes Barbosa ou um humorista e turfista como Haroldo Barbosa.
A Muda é uma espécie de bairro não oficial dentro da chamada grande Tijuca. É onde ele mora. Rua Garibaldi. Depois do Maracanã e antes da Usina e do Alto da Boa Vista. Ao contrário dos boêmios mais famosos do Rio, que sempre aprontaram na Zona Sul e perto da praia, Aldir escolheu essa parte da cidade e os botequins mais vagabundos para suas aventuras etílico-esportivas (era um bom jogador de sinuca).
QUINTAL
Na infância, a presença mais afetuosa era a do avô materno, o português Antônio Aguiar que, a partir dos três anos, praticamente criou o neto na casa de Vila Isabel. Ali estavam o cenário -quarador, caramanchão, goiabeira, quintal- e os tipos que Aldir reteve na memória e repassou para textos e letras.
DUPLA
Um nome desconhecido -Pedro Lourenço Gomes- merece virar verbete nas enciclopédias de música brasileira como "inventor" da dupla João Bosco-Aldir Blanc. Foi ele quem, de passagem por Ouro Preto em 1970, impressionou-se com um jovem que tocava violão num barzinho (temas próprios, ainda sem letra).
Apresentou-se e disse que tinha um amigo no Rio, com quem participava de um grupo de estudos sobre antipsiquiatria, que adoraria ouvir aquelas melodias. Mais ainda, tinha certeza de que ele iria botar letras nelas.
Meses depois, Aldir chegou a Ponte Nova (MG), terra natal de João, numa Kombi na qual ainda estavam Pedro, o compositor Paulo Emílio e o músico Darcy de Paulo. Comeram o espaguete à bolonhesa preparado por dona Lilá, mãe do violonista, e abriram os trabalhos. Do lote inicial de mais de 30 músicas, três ganharam letra imediatamente: "Agnus Sei", "Bala com Bala" e "Angra".
Aldir - Em meados da década de 1980, a dupla deu um tempo. Sem brigas nem traumas, embora na época ninguém acreditasse: "Nossos interesses ficaram divergentes. O João se internacionalizou, eu fiquei mais suburbano. Costumo dizer que todas as versões para o rompimento, por mais estapafúrdias e escrotas, são corretas".
Aldir estudou sete anos de medicina, com especialização em psiquiatria, e depois largou tudo para se tornar compositor. A história remonta aos tempos em que andava de calças curtas. Num dia de entrega de boletim, o pai comentou: "Você sempre tira dez em biologia. Quem sabe você não vai ser médico...".
Ingressou em 1965 na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, de onde saiu em 1971. Trabalhou no Hospital Gustavo Riedel, dentro do Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro - o manicômio citado na música "Que Loucura", de Sérgio Sampaio: "Fui internado ontem/Na cabine 103/do Hospício do Engenho de Dentro/Só comigo tinham dez".
Seu amplo apartamento na rua Garibaldi abriga mais de 15 mil volumes. Até uma mesa "profissa" de sinuca, que ocupava inteiramente a sala, antes de ser vendida, tinha livros empilhados no feltro verde. Se um amigo perguntar se ele "já leu tanta coisa", corre o risco de ser posto para fora. O que não entra mesmo lá é Paulo Coelho.
Aldir Blanc possui em sua casa uma enorme coleção de livros, por volta de 17 mil livros.
São personagens, garante Aldir, que de fato existiram (à exceção de Penteado, o gozador que arremata o deboche com frases de efeito): o primo Esmeraldo, conhecido pelas domésticas da Penha como "Simpatia-É-Quase-Amor", cognome que inspirou a criação do famoso bloco carnavalesco de Ipanema; Lindauro, notório boçal, mas que tinha um coração do tamanho de um bonde; Belizário, que bebia para não esquecer; Tatinha (melhor calar sobre ela); Pelópidas, a tranquilidade em pessoa; e mais Gogó de Ouro, Paulo Amarelo, Waldir Iapetec, Tuninho Sorvete.
Aldir BLANC - melhor mesmo é ficar em casa, ao da mulher Mary Sá Freire, com quem é casado desde 1988, e as filhas Mariana, Isabel (do primeiro casamento de Aldir), Patrícia e Tatiana (do primeiro casamento de Mary). Além de cinco netos. Todos são tratados como um "grande time de futebol", sem distinção, e ai de que disser o contrário.
Aldir Blanc Mendes nasceu no dia 2 de setembro de 1946, no Estácio, mesmo berço dos compositores que, 17 anos antes, haviam formatado o samba como gênero urbano carioca. Mas quase não nasce: Helena precisou entrar no décimo mês de gravidez e gritar por quase 24 horas para que o rebento surgisse com a força de seus mais de quatro quilos. Sua mãe desenvolveu uma espécie de depressão pós-parto -quase não saía de casa, comportamento que o filho adotaria mais tarde- da qual jamais se livraria até morrer, em 2002, com 80 anos.
"Trabalhar com o Aldir foi uma delícia", lembra Heloisa. "Mas uma espécie de montanha-russa: ficávamos meses sem ter notícia, aí de repente chegava uma enxurrada de letras espetaculares, cinco ou seis numa semana. Ele é uma flor de delicadeza. E aquela voz... Quando o Aldir deixava recado na minha secretária eletrônica, minha gata Colette se assanhava toda: era eu botar para ouvir a mensagem e ela começava se esfregar no telefone...".
Em 1983, a parceria foi interrompida. Aldir e João seguiram rumos diferentes, tiveram outros parceiros musicais e só voltaram a trabalhar juntos a partir de 2001.
Em 2010, quatro décadas da parceria entre os compositores Aldir Blanc e João Bosco foi comemorada com shows em três fins de semana, começando no dia 11 de setembro (2010).
“A vó Noêmia teve importância enorme no meu trabalho de compositor. Ela me levava a centros espíritas, e eu ficava fascinado pelos pontos cantados e pela batida dos atabaques. Chegava em casa, já na Vila Isabel, pegava meus tamboretes de peteca, que antigamente eram de madeira e couro, e batucava cantando meus próprios pontos, que ‘compunha’ imitando os que tinha ouvido.”
Sou vidrado em alguns autores. Anthony Burgess é uma de minhas taras. Cheguei a fazer umas investidas, com meu inglês da praça Mauá, nos originais. Há livros dele que li várias vezes, e é sempre a primeira vez. Cultura assustadora, excelente copo e um boa-praça gozador. Dizem até que foi grande músico, mas nunca ouvi nada. Quando morre um desses é uma cacetada. Perco um amigo. Foi assim com o Kurt Vonnegut, o John Updike, o Norman Mailer", revela. Aldir
Mesmo um que mereça o reconhecimento de Chico Buarque -"Aldir Blanc é uma glória das letras cariocas, bom de ler e de ouvir, bom de se esbaldar de rir"-, a preferência de Elis Regina, que o elegeu seu letrista predileto, autor de algumas das mais importantes peças da música brasileira: "O Mestre-Sala dos Mares", "O Bêbado e a Equilibrista", "Catavento e Girassol", "Resposta ao Tempo".
O letrista se abriu a parcerias com Moacyr Luz, ampliando a vertente do samba sincrético ("Medalha de São Jorge"), e o violonista Guinga, com o qual levou ao paroxismo o trabalho de letrar nota por nota de uma melodia ("Catavento e Girassol"). Atualmente tem trocado figurinhas com o cantor e compositor Moyseis Marques -já nasceu um baião.
Antes de serem reunidos num único volume -"Rua dos Artistas e Transversais", em 2006, pela editora Agir- eram edições disputadas a empurrões. Daniel Chomksky, da Berinjela, tradicional sebo da avenida Rio Branco, no Centro do Rio, conta que teve de apartar dois fregueses que já iam às vias de fato na disputa por um exemplar do mais raro "Porta de Tinturaria": um rapaz de óculos fundo de garrafa e pasta 007 e uma senhora um tanto gorda e bigoduda. A contenda foi resolvida em favor desta, que apresentou argumentos insuperáveis: dizia-se tijucana de quatro costados, "bruaca" e, mais importante, estava citada no livro alvo do litígio.
A fascinação -quase obsessão- pela leitura ele herdou do avô Antônio. Dos gibis -Fantasma, Príncipe Namor, Hapalong Cassidy- pulou para os livros, primeiro os das coleções Paratodos e Terramarear, depois de todos os tipos: a Bíblia, um grosso volume de "História de Portugal", ficção, ensaios, biografias, compêndios sobre a Segunda Guerra, tratados de psiquiatria.
Na véspera da morte de sua mãe, chamado à casa dos pais, na rua Maia de Lacerda, Aldir previu o desenlace. Começou a beber e bolou um ardil. Pediu a um amigo dentista para se passar por neurocirurgião. Quando ele chegou, todo vestido de branco, Aldir pediu: "É só um alento. Passa a mão nos joelhos dela e diz que está tudo bem".
Quando começou a escrever crônicas passadas nos anos 1950, narradas por uma criança, para os jornais "Última Hora", "Tribuna da Imprensa" e a revista "Homem", até fixar-se no "Pasquim", em 1975. Logo passou aos livros: "Rua dos Artistas e Arredores", de 1978, e "Porta de Tinturaria", de 1981.
Em 1996 um CD com 20 músicas lembrou os 50 anos do artista (na foto da capa, ele aparece fumando cigarrilha e mirando as pernas de Monique Evans). Foi mesmo uma festa, com participação de Edu Lobo, Paulinho da Viola, Nei Lopes.
Como escritor: Em 2006, Aldir publicou: “ Rua dos Artistas e Transversais’, que reúne seus livros: “ Rua dos Artistas e Arredores”, “ Porta de Tinturaria” e crônicas que ele escreveu para a revista” Bundas” e para o “ Jornal do Brasil”.
2013 - Médico de formação, escritor e compositor, Aldir Blanc fez de sua obra uma notável galeria de tipos suburbanos. Autor de clássicos da MPB, refugiou-se na Muda, no bairro carioca da Tijuca, onde vive em reclusão quase total. Biografia traz vida e obra de volta à cena, além de uma centena de letras inéditas.
O Chope nunca era pedido do mesmo jeito: "Garçom, mais 18 sepulturas da memória!"; "Solta mais 20 canarinhos da gaiola!"; "Uma rodada de Alfavacas ao Luar para todos!". ALDIR
2013 - Mais intensamente sentiu as perdas, no ano passado, de Ivan Lessa e Millôr Fernandes: "Uma bomba de fragmentação", define. Também se deprimiu com a morte, em outubro, de Batuque, labrador homenageado pelo dono com a música "Constelação Maior". Aldir confessa não ter sofrido tanto desde a morte das gêmeas.
Seu drama pessoal esta contado em "Aldir Blanc: Resposta ao Tempo". Rica em detalhes conhecidos apenas dos mais íntimos, a obra privilegia a trajetória do compositor Aldir, como explica o outro subtítulo: "Vida e Letras". Estão reproduzidas mais de 450 delas (de quase 600 já compostas), e é incrível como elas sobrevivem bem na página fria, sem a música.
Em 1996, foi gravado o disco: “ Aldir Blanc- 50 Anos”, com várias músicas especiais e a colaboração de vários artistas, como Edu Lobo, Paulinho da Viola, Nana Caymmi, Danilo Caymmi, Ivan Lins e outros.
Carioca do Estácio, Aldir Blanc começou a compor na adolescência, época em que também aprendeu a tocar bateria. Foi como baterista que tocou no Teatro Azul e participou do grupo Rio Bossa Trio, que mais tarde virou GB-4. Nos anos...