A carreira de Agnaldo Rayol, uma das maiores e melhores vozes masculinas deste país, começou, poder-se-ia dizer assim, quando ele tinha apenas três anos de idade. Como já gostava de cantarolar os sucessos da rádio, seu tio Edgard teve a idéia de levá-lo a um posto de correios e telégrafos, onde se gravavam disquinhos de papelão, em processo semelhante às gravações de acetato, e pedir-lhe que repetisse ali, à sua maneira, canções dos anos 40 como “ Morro de Santa Tereza”, “Pombo Correio”, “Renuncia” e “Adeus”. Os dois disquinhos foram oferecidos a seus pais Agnello e Rosita.
A carreira de cantor foi decidida bem cedo, entre os 8 e 9 anos, quando participou do programa “Papel Carbono” de Renato Murce, na Rádio Nacional do Rio, interpretando a canção “Matinatta” de Leoncavallo. O sucesso foi tanto que logo em seguida, convidado pelo diretor José Carlos Burle, da Atlândida Cinematográfica, Agnaldo é chamado a estrelar-cantando e representando o filme “Também Somos Irmãos” , ao lado de Grande Otelo, Vera Nunes, Jorge Dória e Ruth de Souza. Foi nesse filme que, pela primeira vez, cantou acompanhado de orquestra, regida pelo célebre maestro Lyrio Panicalli.
Aos 12 anos, no entanto, sua família deixa o Rio. Seu pai, que era marítimo, fora transferido para Natal, no Rio Grande do Norte. Durante os seis anos que lá passou, atuou nas Rádios Poty e Nordeste, cantando e atuando em rádio-novelas locais.
Pouco tempo depois, Agnaldo é de novo convidado a fazer cinema, voltando ao Rio para filmar ‘Maior que o Ódio”, junto com Anselmo Duarte, Ilka Soares, Jorge Dória e, o outro menino da história, o hoje conhecido escritor Ivan Lessa, um dos fundadores do jornal “O Pasquim”.
Quando completa 18 anos, volta para o Rio e assina com a Rádio Tupi, como ator, usando o nome de Agnaldo Vasconcellos. Mas, algum tempo depois, o diretor J. Antonio Dávilla leva-o novamente para a música e Agnaldo vai cantar na TV Tupi, no “Festival de Vozes’, Interpretando “Ave Maria” de Vicente Paiva e, no programa seguinte, a “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso.
Em 12 de outubro de 1957 acontece o que Agnaldo Rayol considera o verdadeiro início de sua vida profissional: è contratado pela TV TUPI, pelas mãos do apresentador Ribeiro Filho, e canta “Make Believe” ( tema do musical da Broadway, “Show Boat” ), sendo aplaudidissimo pela platéia do programa “Coca Cola para milhões”. Em seguida, Cassiano Gabus Mendes, à época diretor artístico da TV TUPI, convida-o para apresentar um programa – “ Sonhos Musicais “ - , que ficou quatro anos no ar. Agnaldo radica-se, então, em São Paulo.
Em 1958, grava seu primeiro disco, o 78 rpm com “Se todos fossem iguais a você” e “Prece”, sucedido pelo LP ( que leva o nome do cantor ) incluindo músicas de Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Dolores Duran. O segundo Lp – “Sonhos Musicais” – sairia no ano seguinte, mesclando músicas brasileiras a outras italianas e americanas.
No cinema, volta a atuar – entre 58 e 61 – em filmes como “Uma certa Lucrecia”, com Dercy Gonçalves,: “Garota Enxuta”, com Ankito e Grande Otelo: e mais quatro com Mazzaroppi, num dos quais fazia dueto cantando com Hebe Camargo.
Em 1961 retorna ao Rio para fazer, no Golden Room do Copacabana Palace, o Show “Skindô”, produzido por Abraão Medina, ao lado de Moacir Franco, Odete Lara, Elizabeth Gasper, Gina Lê Feu, as Irmãs Marinho, o trio Irakitan e cantoras como Lenita Bruno e Marly Tavares. Nesse musical, atuava como bailarina, ainda bem jovem, a hoje consagrada atriz Beth Faria. O espetáculo teve direção musical e regência do maestro americano Bill Hitchcock e coreografia da também americana Sonia Shaw.
Em 1964, Agnaldo faz suas primeiras novelas – “Mãe” - , na TV Excelsior, estrelando ao lado de Tarcisio Meira e Lolita Rodrigues, e logo depois, “O Caminho das Estrelas”, com Procópio Ferreira, Arlete Montenegro, Paulo Figueiredo, Geny Prado e Glauce Graieb.
O auge de sua carreira chega, então, em 1965, quando a TV Record o contrata para fazer o programa “Corte Rayol Show”, ao lado do comediante Renato Corte Real, um dos maiores campeões de audiência da TV na época, que com a saída de Renato, viraria “Agnaldo Rayol Show”, dois anos depois, com outra edição especial (além da TV Record de SP) apresentada diretamente da TV Rio, ao vivo.
Sucessos inesquecíveis de Agnaldo que freqüentaram as paradas de sucesso em todo o Brasil foram:, “A Praia” “Acorrentados” “A Tua Voz” “O Princípio e o Fim”, “A Noiva”, “O Amor é Tudo”, “Mente-me”, “O Velho e o Novo” e “ E a Vida Continua”, entre muitas outras.
Em 1968, atua como par de Suzana Vieira na novela “A Última Testemunha”, na TV Record. O autor era Benedito Rui Barbosa e a amizade entre os dois está completando mais de 30 anos. Em 1969 volta ao cinema em “Agnaldo, perigo a vista”, ao lado de David Cardoso, Milton Ribeiro e com as participações especiais de Wanderléia, Erasmo Carlos, Ronald Golias e Jô Soares.
Entre 1970 e 71, com enorme sucesso, em “As Pupilas do Senhor Reritor”, junto com Carlos Augusto Strasser, Fúlvio Stefanini, Márcia Maria, Lolita Rodrigues e Laura Cardoso
A novela fica um ano no ar, batendo recordes de audiência.
Com o advento da discotheque, que reinou durante quase uma década, Agnaldo resolve fazer um retiro, deixando de gravar discos entre 1972 e 82. Mas não fica parado: durante esse tempo, continua fazendo shows, pinta muitos quadros a óleo e lança seu livro de poesias “Agnaldo Rayol, Poeta”, Convidado por Walter Avancini, retorna à televisão em 1979 na novela – a última da TV TUPI, que então fechava as suas portas – “Como Salvar Meu Casamento”.
No ano seguinte, a TV Bandeirantes o contrata para estrelar ao lado de Elaine Cristina, Roberto Pirillo e Altair Lima a novela “A Deusa Vencida”. Sucedida, em 1981, pelo enorme campeão de audiência que foi “Os Imigrantes”, quando torna a trabalhar com o autor Benedido Rui Barbosa.
É em 1982 que Agnaldo passa a comandar um programa que ficou 8 anos em cartaz com o mais absoluto sucesso: o “Festa baile” da TV Cultura de São Paulo, transmitido em rede para todo o Brasil. Durante esse tempo, canta ao lado de artistas como Elis Regina, Milton Nascimento, Chico Buarque, Ângela Maria, Caetano Veloso, Silvio Caldas, Cauby Peixoto, Elizeth Cardoso, Clara Nunes e muitos outros grandes nomes da MPB.
Em 1993 é chamado a interpretar um dos principais temas da novela “Renascer” – a romântica “Em nome do amor”, que seria depois regravada pela dupla Leandro e Leonardo.
Em 1996, a música que grava – junto com Chrystian & Ralf – para a novela “O Rei do Gado” chega ao primeiro lugar das paradas. É a recriação magistral do antigo sucesso de Vicente Celestino, “Mia Gioconda”.
Nos anos 1996 e 97 lança dois Cds pela BMG, o segundo dos quais comemorando seus 40 anos de carreira. Ao todo, foram 45 lps lançados, não incluídos nesse total os 78 e os 45 rpm, os compactos simples e os duplos.
Durante 1998, apresentou o programa “Noite de Gala”, diretamente do Teatro Ópera de Arame em Curitiba, através da CNT.
Agora, é a vez da potente e sensível voz de Agnaldo Rayol interpretar os sucessos italianos – que tanto povoaram sua infância e adolescência e que vêm diretamente de seu ambiente familiar e de seu profundo e pessoal sentimento musical – no álbum “Tormento D’Amore”.