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Sou Barco

Adriano Correia de Oliveira


Sou barco abandonado
Na praia ao pé do mar
E os pensamentos são
Meninos a brincar
Dei-lo que salta bravo
E a onda verde-escura
Desfaz-se em trigo
De raiva e amargura.

Ouço o fragor da vaga
Sempre a bater ao fundo,
Escrevo, leio, penso,
Passeio neste mundo
De seis passos
E o mar a bater ao fundo.

Agora é todo azul,
Com barras de cinzento,
E logo é verde, verde
Teu brando chamamento
Ó mar, venha a onda forte
Por cima do areal
E os barcos abandonados
Voltarão a Portugal.

Composição: Luís Cília e Borges Coelho





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