O Cabôco Marcolino
Desde o tempo de menino
Já trazia o seu destino
Na palma da sua mão
Ai que saudade imprudente
Minha crença está descrente
Sabiá na seca sente
Falta do pássaro Carão
Da fulô de Cumaru
Eu faço um buquê pra tu
No trem pra Caruaru
Vou cantando eu quero chá
Recordando o Ceará
Lembro casa de cabôco
E a sala de reboco
Teu cantim de namorar
Na cantiga de vem-vem
Somente tristeza tem
Flor rainha lembra quem
Tirou fogo sem fuzil
Serrote agudo sem gado
E o matuto aperreado
Por não ter mais ao seu lado
Quem decantou o Brasil
Cacimba nova já tá
Quase a ponto de secar
Já não dá mais pra botar
Severina pra moer
Salão de barro batido
Foi tão pisado e querido
E hoje tão esquecido
Ta tudo lembrando você
Ai, poeta, Zé Marcolino, menino
Me diz aonde é que você está
Ai saudade, Zé Marcolino, amigo meu
Você não morreu
Somente mudou de lugar