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Biografia de Accioly Neto

Foi observando os seresteiros amigos das irmãs velhas que, aos oito anos, começou a tocar violão.

Proibido, a princípio, pelo pai, treinava escondido, dentro do guarda-roupa, usando um violão emprestado da irmã.

Apesar desse começo conturbado, a partir daí não mais parou - seu interesse pela música se estendeu á juventude e, aos 25 anos, Accioly Neto iniciava carreira artística como vocalista dos grupos Bulldog e Big Som, no Rio de Janeiro.

Surgiram as oportunidades para participação em festivais de música, conseguindo, sempre, classificar bem as suas composições.

O primeiro deles foi o 7º Festival da Canção Popular de Muriaé (MG), em 1976, quando se classificou em 3º lugar com a música Calouro de TV.

No Recife novamente, liderou, como baixista, cantor e compositor o grupo Acalanto.

Em 1977, sua música Severina Cooper, gravação da Som Livre, foi classificada em 2º lugar na Primeira Cantoria de Música Nordestina, promovida pela Rede Globo, no Teatro do Parque.

Por essa época, com os grupos Acalanto e Contrapeso, Accioly Neto participou dos shows Cante Enquanto Tem Boca e Santo de Barro.

Em seguida foi para São Paulo, e teve duas de suas músicas gravadas: Palavra de honra, por Jessé e Maria Maravilha, por Vanusa.

Foi em 1981, ano em que apresentou uma música no Festival MPB Shell, que decidiu se casar com Tereza, que se tornou produtora musical.

Em 1986, lança o LP Trancelim, que marca uma mudança em seu estilo musical, passando a fazer parte do grupo dos compositores de forró, reencontrando suas raízes nordestinas.

Suas músicas caem no gosto popular, o que lhe deu a oportunidade de fazer shows, tanto em casa do Recife (Cavalo Dourado, Casa de Festejos e outras), com em cidades pelo interior de Pernambuco, com Palmares, Bezerros e Surubim; e ainda em estados vizinhos.

Neste mesmo ano, Accioly lançou um LP, pela Polidisc, trazendo um novo formato, com apenas duas faixas de música. A primeira Minha gata, em homenagem à esposa, e a outra, Nhém-Nhém.

Mas o LP Forró Sexual, gravado pela Continental, que veio logo a seguir, não obteve o mesmo sucesso.

Por entender que houve pouco da gravadora ele resolveu mudar de selo, assinando contrato com a BMGA Ariola, que representava, naquela época, os grandes nomes da MPB. Aceitou o desafio para fazer um disco cujo ritmo estava nas paradas de sucesso, a lambada. A sua versatilidade como compositor fez surgir o disco Viva a Lambada, com boas composições.

Mas, em 1991, sofre um grave acidente na rodovia BR 101 Sul, na altura de Palmares (PE), vindo de um trabalho de divulgação em Maceió. Com algumas sequelas, o artista passou por um período muito difícil, que o deixou bastante deprimido. Mas com o auxílio de sua fé e o apoio da mulher e da filha Talitha, conseguiu superar e aproveitar o tempo para compor, principalmente forró.

Entre os intérpretes de suas músicas estão Elba Ramalho, Roberta Miranda, Flávio José, Fagner, Nando Cordel, Fábio Júnior, Jorge de Altinho, José Santanna, Paulo Diniz, Edgar Mão Branca e os grupos Mastruz com Leite, Magníficos e Fala Mansa.

Com o surgimento dos CDs, revolucionando o mercado fonográfico, resolve voltar a gravar. A produção independente de seu primeiro CD, Lembrança de um Beijo, foi em 1995, sendo a música regravada por diversos cantores.

Muda mais uma vez de gravadora, assinando um contrato com a Somzoom, que lhe dava a obrigação de compor uma cota mensal de músicas, as quais eram enviada a Fortaleza para serem gravadas pelos grupos de forró ligados à tal gravadora.

Em 1998, Accioly grava um CD com um leque de composições, algumas inéditas, e dois anos depois, em maio de 2000, realiza seu último show no Forró Classe A, no Recife, com a casa lotada e muitos aplausos, o que lhe provocou grande emoção.

Ainda gravou o CD, um resumo de sua carreira, intitulado Meu forró, que trazia a músicas Espumas ao Vento, um dos seus maiores sucessos, incluído em 2003 na trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro, dirigido por Guel Arraes, baseado na peça homônima de Osman Lins.

Numa monografia ao final do Curso de Especialização em História de Pernambuco da UFPE, Eduardo Siqueira da Cunha se refere a Accioly Neto com homem de temperamento forte, com raízes nordestinas bem expressas em sua músicas e no trabalho personalizado e, sem dúvida, profícuo, que soube marcar a Música Popular Brasileira das últimas décadas do século 20.

Seu último CD, lançado após sua morte em decorrência de aneurisma, foi Meu Forró.