Quilombos, escombros, a sombra, que ainda paira sobre nós
Sem ter quem nos olhe, a rua a frente, o teto e os lençóis
Milhões de anos passando, ainda é pouca nossa lucidez
Meus olhos não veem, não veem, mas o peito quer sentir
Que este seja como um parto social
E de certa forma cure as nossas feridas
Fechando lacunas que impedem o avanço
Os barcos vão do cais em meio ao caos
Nossos laços são maiores do que demonstram
Cavalo alado rumo a esperança
Aonde adormece o sol da nova terra
Aonde adormece o sol da nova terra
O canto angola do meu coração, a arte que não faz distinção
Ainda é preciso dizer e dizer, ser negro ou branco não importa mais
Se o sexo ainda é razão de violência, há ainda muito a dizer
Sobre o amor, sobre o amor
Oh santa chuva liberdade, caia agora sobre nós
E lave toda dor, toda dor
E leve toda dor, toda dor
E lave toda dor
E lave, leve, leve
Eu tenho muito amor, dentro de um sorriso só
Eu tenho minha paz, dentro de um sorriso só
Eu tenho muita luz, dentro de um sorriso só
Universo meu, dentro de um sorriso só
Distante do breu, pois vamos com Deus
E não há o que temer, portanto avance
Alcance o céu, as estrelas, acredite enfim
Que pela manhã um novo sol nascerá
Composição: Maria Elvira, Samuel Porfirio