O 808 State foi o mais importante grupo da primeira fase da música eletrônica moderna: o fim dos anos 80 e começo dos 90 com o acid house e os primórdios do tecno. Aliás, o 808 State foi a primeira “banda” da eletrônica moderna, com três intergrantes e lançando álbuns, num tempo em que predominavam singles lançados por produtores, DJs e projetos anônimos. Isso muitos anos antes de Underworld e Chemical Brothers.
O 808 State chegou praticando uma fusão entre a energia da cena acid house inglesa com o clima cool do tecno de Detroit. Está registrado no seus primeiros discos, Newbuild e Quadrastate, ainda de 88. Era a nascente do tecno genuinamente britânico. No ano seguinte lançaram Pacific State que, carregada por seu saxofone inconfundível, virou hit e hoje ocupa um lugar no panteão das músicas imortais da eletrônica. Na época, foi considerada parte de uma onda chamada de “ambient house”. “Música para baixar a bola, um som para quando o sol está saindo e a viagem está chegando ao final,” definiu Martin Price, que na época era responsável pelos “conceitos e visuais” ao grupo.
Além de Price, o grupo era formado pelos jovens DJs Andrew Barker e Darren Partington mais o músico Graham Massey, cabeça da formação e ex-membro da banda de funk industrial Biting Tongues (que gravou pela Factory, casa do New Order). Assim como o New Order, o 808 State era de Manchester, e junto com A Guy Called Gerald, os representantes maiores (e únicos) da cena acid house da cidade. Eram poucos mas tinham seus problemas.
Gerald originalmente era membro do 808 State, tendo participado de Newbuild, além de ser um dos co-autores de Pacific. Gerald até entrou na justiça depois que o single estourou porque os membros restantes tiraram seu nome dos créditos de composição. O terceiro álbum saiu em 1990 e deve ser por isso que foi momentosamente batizado de 90. Além de Pacific, trouxe outros poderosos momentos de pista como Cubik.
Para seu segundo disco, de 1991, o trio resolveu ser mais ambicioso e chamou vocalistas convidados como Bjork e Bernard Sumner. O resultado já perdia em urgência e profundidade para seu antecessor, mas o disco tem vários bons momentos mesmo assim. Com o passar dos anos, o 808 State ficou meio à deriva no cenário eletrônico, deixando de ter a relevância do começo e lançado trabalhos ocasionais que embora mantivessem um padrão de qualidade, não conseguiram causar maior impacto. Entre eles, está mais um álbum, Gorgeous.
Em 1995, tocaram no Free Jazz, com um som péssimo que prejudicou as possibilidades do grupo no palco e sua repercussão. Depois de um sumiço de vários anos, o grupo acaba de anunciar um novo álbum para este ano, a ser lançado em abril. Que esse pessoal tem passado eles tem, resta agora saber se ainda tem futuro.