Ronaldo Fernando Esquerdo Bôscoli (Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1928 — 18 de novembro de 1994) compositor, produtor musical e jornalista brasileiro, foi o porta-voz de uma tendência musical que surgia no Brasil: a Bossa Nova.
Bôscoli participa de todo o movimento, traçando um panorama humano e artístico dos grandes nomes da música popular brasileira, todos desmistificados por seu olhar de jornalista e observador da história que se construía.
Ronaldo tinha no sangue o gosto pelo show business e pela música, caminho que percorreu com grande sucesso.
Produtor e diretor de inúmeros espetáculos, foi um dos pais da bossa nova e autor, com Roberto Menescal, de inúmeros sucessos musicais que até hoje são cantados: O barquinho; Ah! Se eu pudesse; Canção que morre no ar; Lobo bobo; Nós e o mar; Rio; Se é tarde me perdoa; Telefone e Saudade fez um samba, entre outras músicas que ficaram na história e estão presentes no repertório de grandes intérpretes.
Formava com Luiz Carlos Miéle a famosa dupla Miéli e Bôscoli, e foi por muitos anos o diretor de todas as apresentações anuais de Roberto Carlos.
No campo da mulheres também foi sucesso. Seus amores, quase sempre ligados à música, foram Nara Leão, Maysa, Elis Regina (com quem foi casado e teve um filho, João Marcelo Bôscoli), Mila Moreira e Heloisa de Souza Paiva, sua segunda mulher.
Contam que, já quase à morte, recebeu a visita de Roberto Menescal no hospital onde se encontrava. Ao entrar no quarto, Menescal ficou arrasado ao ver Ronaldo no fundo da cama, com os braços abertos em cruz — um deles atado ao frasco de soro e o outro, ao de sangue. Mas a saudação de Ronaldo, com voz fraca e sumida, desarmou-o: "Vai de branco ou vai de tinto, Menescal?".
RONALDO BÔSCOLI
Carioca de nascimento (28/10/1928) e descendente de uma família de artistas (era sobrinho-bisneto da compositora Chiquinha Gonzaga e primo do ator Jardel Filho), começou a trabalhar em 1951 como jornalista esportivo no "Diário da Noite".
A convite de Samuel Wainer foi trabalhar como repórter no "Última Hora", época que iniciou amizade com Vinicius de Moraes, que já havia jogado o seu charme para sua irmã, Lila, com quem se casaria tempos depois.
Amigo de vários músicos e artistas e disposto a trocar as redações pela noite carioca, tornou-se um dos principais agitadores do movimento musical que mais tarde ficaria conhecido como bossa nova.
Produziu com o amigo Mièle o primeiro pocket-show, expressão criada por ele, apresentando, no Little Club, Odete Lara com Sergio Mendes e Conjunto.
Organizou e dirigiu dezenas de shows em boates no lendário Beco das Garrafas, onde ganhou o apelido de "O Véio", não só por ser mais velho que a turma de artistas, mas pelo jeito ranzinza e reacionário.
Escreveu sua primeira letra em 1957, "Sente", musicada por Chico Feitosa e interpretada por Norma Benguel no mesmo ano.
Escreveu com Carlos Lyra duas canções – "Lobo Lobo" e "Saudade Fez Um Samba" – para o histórico disco "Chega de Saudade", de João Gilberto, lançado em 1959.
Passou a compor com mais freqüência ao lado de um novo e fiel parceiro: Roberto Menescal. Juntos, assinaram vários clássicos da bossa nova, como "O Barquinho", "Nós e o Mar", "Telefone" e "Balançamba”.
Dirigiu mais alguns shows no Beco das Garrafas e programas de televisão, como a última fase do Fino da Bossa, com Elis Regina, na TV Record.
Casou-se com Elis em 1967, com quem viveu uma conturbada relação até o divórcio em 1972.
Durante a década de 1980 seguiu escrevendo programas para a TV Globo e produzindo um show anual de Roberto Carlos, mas deixou de ter a mesma influência no cenário musical.
Lutou contra o câncer na próstata. Faleceu em 18/11/1994.