João Alves Correa, mais conhecido como João Correia, é um compositor brasileiro. Nascido em 15 de Agosto de 1935 na cidade mineira de Carangola, teve seu primeiro emprego aos cinco anos de idade no trato diário com o gado, coisa bastante comum nas Minas Gerais dos anos trinta durante o Governo Vargas.
João Correia migrou para o Rio de Janeiro em 13 de Dezembro de 1949 misturando-se aos demais retirantes que também chegavam a, então, Capital Federal.
Suas primeiras relações com a música deram-se na Radio Mayrinck Veiga em 1550, época dos grandes musicais do rádio quando as emissoras dispunham de populosos auditórios, coisa que é muito comparada a televisão nos anos sessenta e setenta.
Em 1959, João Correia teve sua primeira composição gravada quando o cantor Anysio Silva gravou o bolero "Devolva-me". Todavia, seu nome foi ocultado no selo da Odeon e na Edição, coisa que na época acontecia muito no meio da música.
Havia uma quase "inexistência" de registro e não se tinha como provar que tal obra era dessa ou daquela pessoa, muitos foram os compositores que não tiveram seus nomes ocultos nos discos. Surgiu até o trocadilho
"comprositor" para resumir os fatos.
Esse fato fez com que João Correia se afastasse do meio musical no início dos anos sessenta. Contudo, a intercessão do Maestro Jésus Schitini trouxe o compositor de volta ao cenário musical. Tanto que em 1968, João Correia gravou com Orlando Dias o bolero "Que Deus Me Castigue", para compensar o que acontecera anteriormente.
Nos anos setenta, João Correia gravou com os mais variados nomes e teve o seu nome amplamente divulgado nos discos. Tanto que nos grandes sebos de Long Play's
é possivel notar a presença sempre constante de seu nome.
A música "Brasil Moderno", foi incluída em 1973, no primeiro disco de Raul Seixas, pela Philips. Entretanto, a música foi proibida pela ditadura Géisel que a considerou subversiva.
Em 1975, João Correia gravou com o cantor Manhoso, que iniciava sua carreira na RCA Candem, o cateretê
"Mundo Moderno".
A presença de João Correia na Música Popular Brasileira está diretamente ligada a música sertaneja,
pois no final dos anos sessenta o compositor abraçou a causa de implantar vários gêneros interioranos no Rio de Janeiro mediante recurso que o retirante encontra-se com maior frequência na metrópole.
O consenso era de que somente São Paulo era praça para a música sertaneja, coisa que foi se modificando aos poucos, pois na Região Metropolitana do Rio de Janeiro se avolumava a cada instante pessoas do interior do Brasil. Portanto, João Correia é um dos decanos e introdutores da música Sertaneja no Rio de Janeiro.
O Embrião de toda essa história começou quando o compositor trouxe para a Cidade Maravilhosa o radialista Comendador Biguá, com base de que no Rio haveria menor concorrência do que na Terra da Garoa. Daria, assim, para se fazer um trabalho mais eficaz sem que houvesse tanta concorrência. Foi então que, após o Ato Institucional nº 5 criou-se na ainda poderosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro - uma espécie de Wollyood Brasileira - o programa Rancho do Biguá.
Assim sendo, João Correia começou a gravar todos o gêneros de Música Sertaneja com os cantores que iam sendo "criados" pelo programa. Geralmente gente do proletariado: Pedreiros, Motoristas, Mecânicos... Enfim: Gente do Povo, retirantes iguais aquele menino que chegara no Rio em 1949.
Em 1967, João Correia gravou a valsa "Jardim da Saudade" com a dupla Turany e Silvanito, propiciando assim uma série de outras gravações. Com o ainda jovem Barrerito que, também iniciante, formava dupla com a cantora Flor da Índia, João Correia gravou o cateretê "Chora Triste a Natureza", em ocasião da morte de seu amigo Vicente Celestino, registrando, assim, um obituário em forma de música.
"Chora Triste a Natureza" tem uma peculiaridade que é o fato de se ter criado um gênero novo de música sertaneja: o cateretê em tom menor.
O cateretê, dança rural brasileira que apresenta características africanas, é dançado em duas filas, uma de homens e outra de mulheres, que evolucionam uns diante dos outros ao som de palmas e bate-pés, sendo o acompanhamento constituído por duas violas. Os violeiros cantam no intervalo da dança e dirigem as evoluções do bailado expressando bastante sentimento.
O cateretê em tom menor foi alvo de polêmica e sensacionalismo, na época, pois durante sua veiculação no programa Flavio Cavalcanti, o referido apresentador contou com a presença do maestro Herlon Chaves e o intelectual de música Humberto Reis para debaterem a classificação daquele gênero que parecia uma toada.
Através do debate verificou-se portanto, que toada o "novo gênero", não era. Daí a primeira aparição de Barrerito numa emissora de Televisão, quando o mesmo resolveu encerrar a dupla ficando em São Paulo e formando o Trio Parada Dura.
A presença constante do compositor João Correia nos discos, aliada a sua popularidade no meio artístico na região metropolitana do Rio de Janeiro, fizeram dele o compositor de inúmeros sambas.
Em 1970, João Correia gravou com a ex-corista da Rádio Nacional Dinah de Assis, os sambas: "Salve São Paulo" e "A Voz do Povo", ambos chamados de Samba de meio de ano, por aquelas épocas.
Com Jeremias Ferraz, então puxador de samba do GRES Imperetriz Leopoldinense, foram gravados em 1974 dois sambas de carnaval intitulados "Minha Mangueira" e "Chora o Samba" - primeira homenagem póstuma ao cantor Cyro Monteiro. E ainda, duas marchas carnavalescas com o comediante Cévio Cordeiro, gravadas em 1972: "Mundo Louco" e "Olha a Onda".
Assim sendo o compositor passou a ter, também, grande respeitabilidade fora do meio sertanejo, englobando todos os gêneros de música que somam um total de 294 obras gravadas.
Em 1979, João Correia lançou-se radialista pela Rádio Mauá, criando o Programa "Ranchinho do Nho Lau", que permaneceu por pouco tempo nessa emissora, precisamente até o final do ano de 1980 quando o compositor transferiu-se para a Rádio Capital do Rio de Janeiro ficando em 1984.
O programa que tinha como proposta divulgar as gravações daqueles artistas que haviam começado no programa da Rádio Nacional e apresentado pelo Comendador Biguá, falecido por aquelas épocas, continha Rádio-Teatro, declamações, coisas do anedotário popular.
Uma das gravações mais recentes de João Correia, foi em 2002 quando o veterano cantor dos anos quarenta e cinquenta Romeu Fernandes interpretou a toada "Prece do Sertanejo".
Em 2005, o compositor João Correia adoeceu, sendo diagnosticado em seu quadro clínico o Mal de Alzheimer. Entre outros sintomas relacionadas a doença, perder a memória tirou um pouco da alegria deste que foi compositor de todos os gêneros e um dos introdutores da Música Sertaneja, no Rio de Janeiro.